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Irpen-PR na Comunidade registra indígenas da tribo guarani em Espigão Alto do Iguaçu

2015-04-30 12:08:01 - Fonte: IRPEN

Espigão Alto do Iguaçu (PR) - Residentes no Brasil desde o período anterior ao descobrimento pelos portugueses, os índios da tribo Guarani preservam até hoje aspectos de sua cultura, como rituais religiosos e a língua materna. Mesmo após toda a opressão sofrida através dos séculos, a etnia lutou bravamente e resistiu. Atualmente os Guaranis ainda lutam, mas por objetivos diferentes: eles querem se tornar cidadãos brasileiros de fato, mas sem deixarem de ser índios.

 

Com a missão de levar cidadania a todos os paranaenses, o Instituto de Registradores de Pessoas Naturais do Paraná (IRPEN) visitou nos dias 22 e 23 de abril a Aldeia Pinhal Rio das Cobras, localizada na cidade de Espigão Alto do Iguaçu, onde realizou mais uma edição do Projeto Irpen na Comunidade. Liderada pelo presidente do instituto, Arion Toledo Cavalheiro Júnior, e pela diretora da entidade, Elizabete Vedovatto, a equipe do Irpen viajou cerca de 420 quilômetros até a comunidade indígena, onde registrou cerca de 140 índios, entre eles o cacique da aldeia.

 

 

 

Os habitantes da reserva receberam a comitiva com alegria, trazendo em mãos seus Registros Administrativos de Nascimento de Indígena (RANI) para emitir suas certidões de nascimento. Para a Oficiala de Espigão Alto do Iguaçu, Izabel Brankievecz Rajewski, que apoiou toda a ação na aldeia, as ações do Irpen na Comunidade são de suma importância para toda a população indígena paranaense. “Este trabalho aproxima os indígenas dos cartórios, eles ficam muito felizes por estarem sendo valorizados ao serem documentados, pois uma pessoa sem documento não existe de fato.”

 

O membro da tribo Guarani, Nino Karay Gonçalves, ressaltou a necessidade da certidão de nascimento para a emissão de outros documentos que dão acesso às políticas públicas. “Precisamos do RG para termos acesso à saúde pública e muitas pessoas ainda não conseguiram tirar sua identidade por não terem a certidão de nascimento”, afirmou. Nino também falou sobre a importância do projeto para a comunidade. “Eu acho muito bom os cartórios virem aqui para nos registrar, pois isso facilita muito a nossa vida”, ressaltou.

 

 

Para o coordenador técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai), Adir Carlos Veloso, tudo o que oferece cidadania à qualquer pessoa é importante, ainda mais para indígenas, pelo fato de terem ficado à margem da sociedade durante anos e não terem acesso à documentação. “Essa ação é uma garantia de direitos, onde os indígenas tornam-se cidadãos de fato, porque até então falava-se que existe um determinado número de índios, mas eles não constam no senso por não estarem documentados. Agora, tendo a certidão de nascimento em mãos, eles se tornarão visíveis como população existente,” salientou.

 

 

 

Marcelo Karay Papá Vidal, um dos líderes da aldeia Pinhal, acredita que o projeto é uma forma de dar inclusão social aos indígenas. “Por causa da falta de documentação ainda não conseguimos ser inseridos em projetos sociais. A ação do Irpen na Comunidade é muito importante para nós, pois com certeza iria demorar muito tempo para que nós conseguíssemos essa documentação sem o apoio dos cartórios”, afirmou. Vidal também falou sobre as dificuldades que existiam na comunicação com os órgãos públicos e com os cartórios antigamente. “No ano passado vocês nos prometeram que voltariam, mas nós não acreditamos. O retorno de vocês à aldeia foi um presente para nós, porque não conseguiríamos obter esses documentos sozinhos”, declarou.

 

 

O presidente do Irpen afirmou que e ação em aldeias indígenas é uma forma de resgatar as raízes do povo brasileiro e dar cidadania aos que ainda não a tem. “Infelizmente, por questões alheias a nossa vontade, o povo Guarani só está recebendo essa cidadania agora. Estamos fazendo este trabalho por acreditar e reconhecer o povo Guarani, mas sabemos que isso ainda é pouco para sanar todos os problemas que eles enfrentam. Se todos fizerem a sua parte, assim como nós estamos fazendo, tenho certeza de que o povo Guarani será muito bem reconhecido futuramente”, ressaltou.

 

Na ocasião, a prefeitura de Espigão Alto do Iguaçu também esteve presente entregando RGs e CPFs para os moradores da tribo.

 

 

 

Dia do Sim

 

Além dos registros de nascimento, o Irpen na Comunidade realizou também o Dia do Sim, onde quatro casais indígenas se tornaram oficialmente marido e mulher diante da lei. Devido à grande fé que move o povo Guarani, os casais optaram por celebrar seus casamentos dentro da casa de rezas da aldeia.  A cerimônia aconteceu logo após uma apresentação musical em que membros da tribo entoaram uma canção de boas vindas a todos os visitantes.

 

 

Na oportunidade, o coordenador técnico da Funai se emocionou ao agradecer aos presentes pelo trabalho realizado na comunidade. “É emocionante ver pessoas que vêm de tão longe para nos ajudar, dar cidadania, pois até então nós existíamos como povo, mas não como cidadãos”, declarou. Veloso também afirmou que muitos indígenas deixam o casamento para segundo plano, mas que aos poucos estão se apropriando da ideia e reconhecendo a importância de oficializar o matrimônio. “Estão começando a perceber que ao se casarem no civil terão outros direitos, além de uma estabilidade familiar que até então eles não têm, pois só são casados em sua cultura”, salientou.

 

Um dos noivos, Marcelo Vidal falou sobre a emoção de se casar no civil. “Eu sempre tive o sonho de me casar, pois via isso acontecendo em outras aldeias e aqui não pode ser diferente”, afirmou. 

 

 

 


2015-04-30 12:08:01 Fonte:IRPEN


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